Quatro razões para estudar a mídia digital com perspectiva de gênero

1. As mulheres precisam acabar com o mito de que a tecnologia é coisa de homens. Durante muito tempo mulheres foram tratadas como tecnofóbicas. Enquanto isso, a tecnologia é fonte  fundamental do poder masculino e traço definitório da masculinidade. Por isso, na medida em que as mulheres se apropriam da cultura tecnológica,  vão conseguir interatuar com ela,  dando novos sentidos, novos usos e objetivos a essa tecnologia, isto é, a tecnologia poderá servir  para as seus próprios interesses e pontos de vista.

2. Mulheres são objetos e não sujeitos nas  tecnologias. A mulher é imaginada, no desenho de tecnologias, como apenas uma usuária. O homem é imaginado como produtor e manipulador competente. Desde crianças, meninos são elogiados quando desarmam bonecos. “Vai ser engenheiro”, dizem os pais, orgulhosos.  As meninas que desarmam bonecas, porém, são repreendidas, por “falta de cuidado”. Incorporar as mulheres aos processos tecnológicos contribui para sair da vitimização e para produzir tecnologias ao serviço de tod@s.

3. As mulheres pouco participam das decisões sobre a infraestrutura técnica e lógica das redes digitais. No Comitê Gestor de Internet há apenas duas mulheres, representando o terceiro setor. No Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, a maioria esmagadora dos cargos políticos são de homens. Os artefatos técnicos são conformados  pelas relações, significados e identidades de gênero; hierarquias da diferença sexual afetam  o desenvolvimento, a difusão e o uso e apropriação da tecnologia. Se as mulheres não participam do desenho e planejamento das tecnologias, mal podem ser contemplados seus interesses.

4. Mulheres são subestimadas e exploradas na web. Pornografia, exploração da imagem, tráfico internacional de mulheres, venda de serviços sexuais gerenciada por exploradores, fazem parte da paisagem da web.  Amor, sexo, moda, beleza, consumo, futilidades e vida doméstica são as categorias associadas à mulher, numa “googleada” rápida. Se o pessoal é político, como foi dito faz mais de 40 anos, devemos politizar a web, assumir nosso lugar como sujeit@s, produzir conteúdos e criar redes que sirvam aos próprios interesses.

Sobre GIG@/UFBA

GIG@/UFBA - Grupo de Pesquisa em Gênero, Tecnologias Digitais e Cultura – Universidade Federal da Bahia