Portal Vermelho: Encontro debate mulheres e mídias na Bahia

FONTE: Portal Vermelho

O Encontro Mulheres e Mídias é parte de um movimento nacional que discute a articulação e a visibilidade das mulheres na mídia. Na Bahia, o evento está em sua segunda edição e tem entre os seus objetivos a formulação de proposições para estimular e garantir que os programas estaduais de fomento à produção e difusão cultural valorizem a expressão das mulheres e suas contribuições sociais, política, econômica e cultural.

A secretária de Comunicação do PCdoB na Bahia, Julieta Palmeira, foi uma das palestrantes do evento, onde representou a União Brasileira de Mulheres (UBM) e o Centro de Mídia Alternativa Barão de Itararé. Para ela, a democratização da mídia interessa muito às mulheres. “Primeiro, pela questão imagética, da forma como a mulher é mostrada pela mídia, muitas vezes de forma distorcida, que afeta a imagem de uma mulher desenvolvida, que se coloca nos espaços de decisão. Outro ponto importante, é a questão de dar visibilidade ao invisível. É muito difícil noticiar a participação da mulher nos diversos segmentos da sociedade. Para a mulher conseguir destaque é preciso que ela seja uma mulher com muita capacidade e que se desdobre para que a mídia noticie suas ações”, destacou.

Segundo Julieta, esta não é apenas uma questão histórica, mas é uma questão que se mantém nos dias atuais. “Apesar de ser a maioria da população, a mulher é invisível, não em termos de imagem, mas como protagonistas das ações. Por isso, a luta pela emancipação da mulher tem muito a ver com a luta pela democratização da mídia”, acrescentou.

Mais acesso aos meios

Outro ponto defendido por Julieta Palmeira foi a necessidade de que as mulheres tenham acesso aos meios de comunicação digital. “É preciso saber usar o computador, a internet e as diversas ferramentas do mundo digital, mas também é preciso que a mulher possa ter acesso às formas de produção de conteúdo para os meios digitais, para que possa mostrar sua verdadeira imagem e possa se reconhecer na produção digital. Isso tem haver também com a questão da comunicação como direito humano”, ressaltou a comunista.

A professora e pesquisadora da Facom/ Ufba Graciela Natashon também defende o aumento da participação das mulheres na produção de conteúdos. “As mulheres devem encarar as tecnologias como sujeitos e não como objetos dela. Porque as mulheres são objetos ainda da pornografia, do machismo da mídia em geral, do racismo. Isto porque costumam ser predominantemente usuárias da web e não produtoras. E não apenas produtoras de conteúdos, a gente tem que ser também ativas produtoras de softwares. Não apenas produzir com os nossos próprios interesses, mas também intervir na própria lógica de desenvolvimento das redes digitais”, declara Graciela.

Para a professora é preciso também aumentar a participação das mulheres nos espaços de poder, onde acontecem as decisões sobre infraestrutura física, técnica e também lógica sobre a internet. “Nós temos pouco espaço nestas instâncias de decisões. Isso fica claro no Comitê Gestor da Internet no Brasil, onde existem apenas duas mulheres, uma titular e uma suplente, em um universo com mais 30 ou 40 homens. A mesma coisa nas decisões sobre o Plano Nacional de Banda Larga, que está em plena discussão”, disse.

“Não é que não tenha mulheres trabalhando nisso. De há fato há muitas mulheres participando dos debates, mas o que impressiona é a invisibilidade. O trabalho que estas mulheres têm para serem ouvidas. Há muitos grupos de mulheres discutindo a questão como o Instituto Patrícia Galvão, o Geledés e a Articulação Mulher e Mídias, mas não há visibilidade disso”, argumenta Graciela.

De Salvador,
Eliane Costa

 

Sobre Mônica Paz

Mônica Paz é doutoranda e mestre (2010) pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura Contemporâneas, na linha de pesquisa sobre Cibercultura, da FACOM/UFBA. Bacharel em Ciência da Computação pelo DCC/IM/UFBA (2007). Entusiasta do movimento Software Livre, já colaborou com a comunidade baiana desse movimento em alguns de seus eventos.