O Gig@ participou da oficina “Editando a brecha de gênero na Wikipedia”. Centro Cultural Tierra Violeta, cidade de Buenos Aires

A oficina foi organizada pela entidade, coordenada pela professora Diana Maffia. O evento foi coordenado por Lila Pagola, docente, artista digital, integrante da fundação Wikimedia Argentina. Também estiveram presentes Esteban Zárate, bibliotecário de Wikimedia Argentina, Osmar Valdebenito, coordenador de Wikimedia Chile e Andrea Patricia Kleiman, bibliotecária de Wikimedia Argentina.

Lila Pagola mostrou alguns dados sobre a brecha de gênero na Wikipédia, dados que não são completamente expressivos da real situação, dado que existem vários impasses metodológicos, tais como o gigantesco universo a ser pesquisado, o fato de que as pesquisas são por país/idioma, as respostas aos questionários são voluntárias e ainda, muitas mulheres usam niknames na Wikipédia o que dificulta saber qual o gênero dxs respondentes.

O que se pode afirmar, neste panorama, é que na Wikipédia há 1 editora mulher a cada 10 homens. As pesquisas referidas se fizeram em várias das wikipédias (das várias comunidades lingüísticas). Analisaram editoras, editores e leitorxs, onde também acharam brechas de gênero. Concluem que a Wikipédia é consultada mais pelos homens (1 mulher a cada 4 homens leitores). Outros estudos sobre Wikipédia em inglês, mostram que 16% dos registrados são mulheres mas dessas, só 9% fazem trabalho de edição. Isto se torna mais crítico quanto mais atividade há no ambiente (quanto mais edições, menos mulheres). Mulheres deixam a Wikipédia antes que homens, afirmaram. A brecha não está diminuindo, diferente do Twitter e do Facebook, onde mulheres estão cada vez em maior número. Sobre temáticas, as mulheres editam mais biografias de pessoas, arte, religião, saúde e história, e menos entradas sobre ciência e geografia. A pesquisa também mostra que entradas feitas por mulheres têm mais chances de ser apagadas do que as realizadas pelos homens. O entorno colaborativo torna o consenso um produto de uma “guerra de edições” e a falta de mulheres coloca a batalha feminista em condições de desvantagem.

Foi comentada a brecha digital de gênero na comunidade do Software Livre, as resistências a discutir o tema e a forma de abordar o machismo, não personalizando-o senão discutindo as masculinidades e suas possibilidades de serem não machistas. Em relação ao SL, foi comentada a forma das relações sociais na comunidade: “As identidades dos sujeitos das comunidades de SL se constroem acima de algo muito forte, que é a capacidade de resolver problemas concretos. Por isso, as interações são, em geral, bastante violentas, com palavrões, etc. Para as mulheres isto pode chegar a ser muito rude. É comum que a gente se tratasse muito mal. Mas isto é “normal”, não é visto como algo ruim. Por isso, para as mulheres é complicado”, afirmou Lila.

Sobre gracielanatansohn

Prof. da FACOM e do PPPGCOM/UFBA