Mestranda do Gig@ defende dissertação que analisa o debate sobre o aborto no Twitter

“Esta dissertação faz parte de um processo de indagação profunda que obedece aos meus interesses como ciberfeminista e jornalista que trabalha com visão de gênero. Responde também a um contexto de aumento das mobilizações a favor da despenalização social do aborto na Argentina. Esta apresentação é só um fragmento condensado das 200 páginas escritas por mim durante 2017. O trabalho traz a discussão do aborto como uma pauta urgente vinculada com nossos direitos fundamentais. Por isto agradeço a suas presenças aqui, porque o debate é pessoal e político.Graças a uma enorme pressão social na Argentina, em 2 mêees será discutido no Congresso nacional o projeto de Lei de Interrupção Voluntaria da Gravidez, num contexto de um governo conservador e de direita. Um projeto apresentado já 6 vezes antes, durante 13 anos de luta pela Campanha Nacional Pelo Aborto Legal Seguro e Gratuito. Por último, esta é uma pesquisa sobre dados, então quero ressaltar alguns: os abortos inseguros afetam cada ano a 21,6 milhões de mulheres no mundo. Segundo estatísticas oficiais no Brasil uma de cada cinco mulheres até os 40 anos já fez um aborto na sua vida. O aborto é uma das quatro principais causas de morte de mulheres gestantes. Nós, mulheres abortamos.. O aborto faz parte das nossas vidas cotidianas. É um problema de saúde pública. Por tudo isso #PrecisamosFalarSobreAborto”.

 

Foi assim que Florencia Goldsman iniciou o ritual de defesa de sua pesquisa acadêmica para obtenção do título de mestra, pelo PósCom/UFBA, no dia 02 de março, perante a audiência de amigos, pesquisadoras(es) interessad(as)os na temática e a banca avaliadora composta pela professora Alexandra Haché (Tactical Technology, Alemanha), na função de avaliadora externa; pelo professor José Carlos Santos Ribeiro (PósCom/UFBA), como avaliador do programa; e sua orientadora, a professora Graciela Natansohn.

A dissertação “#LibertadParaBelen: Twitter e o debate sobre o aborto na Argentina”, resulta de uma investigação empreendida por Goldsman nos últimos dois anos, quando estudou o caso de Belen, uma jovem que foi presa em 2016 após sofrer um aborto espontâneo na Argentina. Movimentos de mulheres feministas lideraram uma onda de protestos nas ruas do país e nas mídias sociais, entre os meses de abril e agosto daquele ano, pedindo a liberação de Belen. Pela primeira vez, um protesto massivo contra a criminalização do aborto chegou a ser “tendência” no Twitter, afirma a mais nova mestre do Gig@, cuja dissertação teve como objetivo estudar a rede que se formou no Twitter a partir dessa onda de manifestações no microblog. Seus achados apontam para um processo de amadurecimento do debate histórico sobre o direito ao aborto e a busca por sua despenalização total.

 

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