Ciberfeminismos 3.0: redes livres contra a Internet colonizada

Esse é o título da mesa que será mediada pela Profa. Dra. Graciela Natansohn, coordenadora do GIG@-UFBA no XVI ENECULT – Encontro de Estudos Multidisciplinares em Cultura na Universidade Federal da Bahia (UFBA), que acontecerá no período de 15 a 18 de setembro de 2020 na modalidade on-line.

Considerando que mais da metade do mundo não tem acesso à internet. E a outra metade tem acesso a redes corporativas controladas por umas poucas empresas que concentram, além do poder midiático, a capacidade de vigilância, rastreio e coleta de dados sem consentimento e em escala planetária, potencializada pelo solucionismo tecnológico impulsionado durante a pandemia de Covid-19. Pesquisadoras têm denominado de colonialismo de dados esta nova ordem epistêmica e muitas têm chamado atenção às ameaças que este fenômeno implica para a web aberta, hoje em processo de colonização pelos interesses do capital. Como resposta a esta situação, organizações e intelectuais vêm elaborando formas de resistência e desobediência epistêmica, via dados e infraestruturas de internet.

O ciberfeminismo de terceira geração está engajado nestas lutas, seja através das formas de resistência através de projetos com dados abertos ou na construção de infraestruturas tecnológicas comunitárias autônomas, governadas de forma colaborativa, com enfoque de gênero e raça, para construir redes livres de violências, de vigilâncias e de baixo custo. A mesa reúne a pesquisadora mexicana de data resistence e feminista, Dra. Paola Ricaurte Quijano, e a Dra. Daniela Araújo,  da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP/SP) e integrante da coletiva tecnofeminista brasileira MariaLab, para debater experiências e perspectivas destas formas de tecnopolítica na atualidade.

Paola Ricaurte Quijano é docente da Escuela de Humanidades y Educación,  Tecnológico de Monterrey, México; é Faculty Associate do Berkman Klein Center for Internet & Society (2019-2020) de Harvard University e Edmundo O’Gorman Fellow do Institute for Latin American Studies da Columbia University (2018). Coordinó el proyecto Openlabs no Tec de Monterrey e foi editora da revista Virtualis. Foi conselheira do III Consejo Consultivo do Instituto Federal de Telecomunicaciones do México (2017-2018). Autora de artigos e pesquisas sobre cultura hacker, gênero e tecnoresistências na América Latina.

Daniela Araújo é doutora em Política Científica e Tecnológica (tese defendida e aprovada em fevereiro de 2018), pelo Programa de Pós-graduação em Política Científica e Tecnológica, no Instituto de Geociências da Unicamp. Mestre em Divulgação Científica e Cultural pelo Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e bacharel em Comunicação Social com ênfase em Jornalismo pela Universidade Federal de Viçosa (UFV). Suas áreas de interesse incluem: Gênero e Tecnologia, Política e Ativismo na Internet, Cultura Hacker, Cibercultura, Interatividade em Meios Digitais.

MariaLab é uma coletiva que atua na intersecção entre política, gênero e suas tecnologias. Trabalham pela valorização do autocuidado nos meios digitais, levando a tecnologia para espaços feministas e o feminismo para espaços de tecnologia, construindo ambientes seguros, virtuais e físicos, com recortes sociais, étnicos ou econômicos. A MariaLab nasce do desejo de tornar os espaços de tecnologia mais plurais, envolvendo mais mulheres, pessoas trans e não binárias, e promovendo um pensamento e discussão interseccional que considere raça, classe social, identidade de gênero no desenho de tecnologias, sejam elas digitais ou não. A MariaLab auxilia na coleta, organização e divulgação de informações e produção de conhecimentos científicos e socioeconômicos sobre a relação de tecnologias e feminismos, promove conhecimentos sobre tecnologias feministas, enfrentamento da violência online baseada em gênero e raça, e sobre Governança da Internet. Produzem materiais didáticos em diversos formatos para disseminar informações sobre tecnologias para mulheres, pessoas transgênero e não binárias.

O XVI ENECULT é promovido pelo Centro de Estudos Multidisciplinares em Cultura (CULT) da Universidade Federal da Bahia (UFBA). As transmissões acontecerão através do site cult.ufba.br/enecult e também pelo Youtube.com/enecult (inscreva-se para receber notificações).

Mais informações sobre a mesa no site cult.ufba.br/enecult e as inscrições podem ser feitas em enecult.ufba.br

Sobre Thiane Neves

Doutoranda no Programa de Pós-graduação em Comunicação e Cultura Contemporâneas da Universidade Federal da Bahia (PósCom/UFBA), pesquisadora do Grupo de Pesquisa em Gênero, Tecnologias Digitais e Cultura (Gig@ UFBA), Mestra em Comunicação, Cultura e Amazônia pela Universidade Federal do Pará em Belém. Pesquisa sobre Ativismos e engajamentos de mulheres negras no ciberativismo, com o olhar voltado especialmente para a Amazônia. Tem aprofundado estudos também no campo da vigilância e segurança online para pessoas negras. Faz parte da Coletiva Periféricas de Salvador.