Livro apresenta novos olhares sobre os ciberfeminismos
O Grupo de Pesquisa em Gênero, Tecnologias Digitais e Cultura (Gig@/UFBA) lança no próximo dia 8 de março, em celebração ao Dia Internacional da Mulher, o livro Ciberfeminismos 3.0 (Editora LabCom, Portugal, 2021), organizado pela coordenadora do grupo, a professora doutora Graciela Natansohn (Facom/PosCom/UFBA). A obra reúne pesquisadoras e pesquisadores integrantes do Gig@ e autoras convidadas, trazendo novos olhares sobre a interface entre o gênero e as tecnologias digitais.
Entre os temas contemplados na publicação estão os usos e apropriações das tecnologias de informação e comunicação, assim como o ativismo realizado por mulheres e outros grupos em vulnerabilidade social, em prol de uma internet feminista e antirracista. Além disso, o livro debate a questão das brechas e violências digitais de gênero; e também a dataficação, algoritmização e plataformização das tecnologias e mídias digitais e seus impactos nos usos e apropriações por mulheres e pessoas LGBTQIA +.
O livro pode ser adquirido gratuitamente aqui mesmo no site do Gig@.
Confira trecho da apresentação do livro:
“Neste livro falamos muito de ciberfeminismos, de hacktivismos feministas, de transhacktivismos, e de fato, está em germe nestas latitudes do Sul Global um ciberfeminismo hacker racializado, transativista, geopoliticamente situado e tecnologicamente versado, qualificado, um ciberfeminismo 3.0 que está parindo uma expertise técnica orientada não por princípios liberais, extrativistas, brancos e masculinistas típicos de Silicon Valley, senão por princípios éticos feministas inspirados em ideais emancipacionistas; são politicamente diversos, obviamente, mas estão animados por uma ética do cuidado, com arquiteturas, dados abertos e modos de funcionamento que enredam contrapoder e desejo, protocolos feitos de linhas de código, gambiarras e reciclagens, que não vêm para dar soluções prontas senão para renegociar conexões criativas em termos mais justos. Esta terceira geração de ciberfeministas emerge quando as condições de produção e circulação dos discursos acerca do feminismo mudam, interpeladas pelos movimentos antirracistas e ambientalistas. Um mundo sustentável e uma internet sustentável, reivindicam as ciberfeministas 3.0, precisa contestar as armadilhas da obsolescência programada, do teletrabalho e do trabalho em plataformas, do lixo eletrônico, do extrativismo de dados pessoais e de biodados, argamassa da colonialidade digital dominante. Poderá objetar-se que o prefixo “ciber” perdeu potência explicativa mas o termo acalenta uma tradição da qual não se pretende abrir mão” (Graciela Natansohn).
Conheça também o sumário do livro:
Apresentação – Graciela Natansohn
PARTE I
Digitalização de si – Sérgio Rodrigo da Silva Ferreira e Graciela Natansohn
Existem mulheres hackers e tecnólogas organizadas no Brasil? – Josemira Silva Reis e Ana María González Ramos
Do ciberfeminismo… aos hackfeminismos – Josemira Reis e Graciela Natansohn
Quebrar o algoritmo: Twitter e os debates pela descriminalização do aborto na Argentina durante a campanha #LibertadParaBelen – Florencia Goldsman
”Descubra agora se você é cisgênero!”: uma discussão conceitual sobre cisgeneridade com youtubers trans – Eduardo Pereira Francisco
Moda ou resistência? Reflexões sobre YouTubers “crespas” e “cacheadas” – Leticia Lopes da Silveira
Google, a compreensão das lesbianidades e o devir algorítmico – Julianna Motter
Influenciadora digital feminista: o caso de Tia Má – Juliana Lopes de Brito
A pesquisa em gênero e software livre: um percurso pelos eventos WSL e WIT – Mônica de Sá Dantas Paz
O correio nagô como tecnologia ancestral e digital na Marcha das Mulheres Negras 2015 – Thiane Neves Barros
PARTE II
Debates sobre a regulação da violência on-offline – Carolina Pacheco Luna
Consentimento em relação aos nossos corpos como dados. Contribuições das teorias feministas para a eficácia da proteção de dados – Joana Varon e Paz Peña
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